segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Renovação

O vento sopra forte em minhas costas,
Como se me incitasse a pular.
Pular ao longe; ao infinito,
À verdade final.

Uma carícia gelada e pesada nas laterais do meu corpo.
É como se eu pudesse voar,
Como se eu pudesse enfrentar a gravidade,
Como se a morte não fosse me abraçar.

Meus olhos fechados fazem meus músculos relaxarem
A ausência de cheiros,
A ausência de paladar,
A ausência de pesar.

A lua ilumina os filhos da noite,
Sol resseca a carne dos filhos da dor.
Lembranças azedas são o açoite;
Erros tiram para sempre o valor.

Na vida temos que mentir,
Enganar, manipular, machucar.
Todos precisam descobrir, afinal,
O que é viver, como viver, o que é errar.

O que faz o homem honrado
É como ele irá terminar.
Terá descoberto o seu lado
Ou se acostumará a enganar?

Alguns machucam mais do que deviam
Machucam pois foram machucados.
Cegos.

Na cegueira a justiça é o que bem os cabe.
Feridos e sangrando.
Caídos.

Errando da maneira certa,
Crentes nas próprias ações,
Mortos.

Os cegos são instrumentos do mundo
Para machucar os inocentes e fazê-los amargos.
Maduros.

Açoitando as peles sensíveis
Machucando a si mesmos.
Agora eles veem.

Traindo e sendo traídos,
Os homens fazem seu caminho.
Caindo e ficando perdidos
Eles descobrem o carinho.

Mas quem é certo o suficiente para julgar o certo e o errado?
Se Deus partiu, quem trará o alívio?
A escuridão que se contorce no calor sufocante?
Um toque.

Uma carícia, forte e indutora.
Empurrando ao abismo frio,
Respirando pela primeira vez em tempos,
Sorrindo sozinho com os ventos.

No baú perdido na história,
Lembranças de um abraço,
De uma conversa,
De um beijo.

O perdão nunca vem de outras pessoas,
Mas sim de nós mesmos.
Pois quando batemos no próximo,
A ferida fica nossos corpos..
Só quando elas se cicatrizam,
Quando o coração volta a bater forte,
Quando o sorriso brota espontaneamente,
Ela chega.
Redenção.

E o passado caminha tão próximo que se torna o presente
O passado bom.
A dor e a tristeza logo vão embora,
A névoa se dissipa...

E o vento nos empurra,
Leves e sem arrependimentos,
Pois todo erro é parte natural da vida
E errar é viver.

E o vento acelera no rosto,
E a morte está sedenta pelo abraço,
E os erros te tragam ávidamente,
Quando você abre os olhos.

Você não crê em punição
Quando o coração bate tranquilo.
Você vê as consequências
Te levando à situação final.

O toque.

A redenção te faz olhar para cima
A honra é recuperada.
O amor retorna ao corpo
A corrida pela vida acaba.

Juntos, sim.
Equilibrando as diferenças.
Pois ninguém é feliz sozinho,
E apenas conflitando estamos nos completando.

Superação.
Cicatrizes são troféis,
Batalhas vencidas, dores superadas
Vencidas ou perdidas, eternamente recordadas.

E reconheço o carinho
O coração bate com força mais uma vez.
E é impossível dizer que não se vai errar
Mas se deve prometer superar os erros.

Mais importante é reconhecê-los.
Se diz maduro olhando apenas para si?

E não há mais calor sufocante,
Névoa congelante,
Toque necrosante,
Ou agonia torturante.

Há o morno confortável.
Há o amor confiável.
Há a vitória inabalável.
Há a redenção alcançável.

E você vem para completar a fábula.
Para iluminar o caminho.
Você vem para ajudar sem cábula.
Para nunca mais me sentir sozinho.

O ouro protegendo sua cabeça,
As jades polidas sob seu olhar.
Influenciando para que eu não careça
Suportando para eu não fraquejar.

Amor não é olhar um para o outro,
É olhar juntos na mesma direção.
Aliviando a ardência com simples sopro.
Não há diferença entre carinho ou sedução.

Não questiono, só acredito.
Isso é o que me faz forte e feliz.
Pois como duvidar quando admito
Que você é o que eu sempre quis?

Pois você é meu abrigo,
Em qualquer dos assuntos.
De dia sonho contigo,
De noite sonhamos juntos.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Inocência

Eu fechei meus olhos suavemente
E então tentei sorrir
Ajoelhei-me voltado ao céu
Pedindo esperança ao cair

Um cheiro doce foi sentido
Antigas lembranças vivas como nunca
Uma lágrima escorreu rápida até meu sorriso
Pingou de meu rosto, regou a grama...

Onde foram parar aqueles momentos em que me perdia em teus olhos escuros?
Tão jovem e tão apaixonado...
Onde foi parar a inocência, o amor, o carinho e a pureza?
O afeto e a ausência de pecado?

Eu acariciei o seu pingente
E me lembrei de nosso primeiro beijo
Acariciei meu rosto úmido
Mas meu toque não é como o seu.

E as lembranças de como sua pele macia
Escorregavam em meus cabelos
Me causa saudade.
Sinto tanta saudade!

Onde foi parar seu toque morno?
Suas mãos macias, sua voz reconfortante?
Se eu me perdi no tempo, eu posso voltar?
Eu daria tudo para voltar!

As primeiras promessas, lá no fundo, não se quebram.
Onde me aguarda? No paraíso?
Nem parece mais a minha princesa...
Você cresceu, amadureceu, mas ainda é você.

Eu amarrei um laço em seu cabelo
E então tentei sorrir
Passei a mão em sua bochecha
Encostei meu rosto em ti

Aquele mesmo cheiro era emanado
Seu calor era tudo que existia
Seu sabor doce em meus lábios
Um adeus, um último toque...

Por que será que os desejos limpos têm que dar lugar à dor e perversão?
Você só é minha princesa enquanto princesa?
Onde estão os dias em que me perdia em seus braços?
A inocência é medida pelo que sentimos ou pelo que fazemos?

Eu sinto falta de sua voz, de seu riso!
Você está tão próxima, mas não é a mesma...
E seu pingente é a última lembrança.
O último brilho de esperança...

E eu me lembro feliz de nosso único beijo,
Por mais que ele jamais se repita.
Nossos corações batendo sincronizados
Pela primeira vez. Pela última vez.

Eu me sentei sozinho no céu
E então tentei sorrir
Perdido em sonhos, perdido em você
Perdido no tempo, perdido em mim.

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