segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sexo no Incêndio

[EM PROCESSO DE EDIÇÃO, BREVE VERSÃO MELHORADA]

Ele estava consumido pela raiva, e essa sensação se somava ao calor sufocante das chamas daquele lugar. Era o fogo que ia consumir dolorosamente sua carne, fazê-lo sofrer e pagar por seus erros. A garota que o forçava contra o chão quente no meio da escadaria rebolava em suas pernas, com suas mãos soadas passando por seu peitoral. Seus olhos verdes refletiam as chamas, deixando-os numa coloração alaranjada demoníaca. Ele tentou engolir, mas sua garganta ardia e estava seca.

Enquanto memórias de seus erros começavam a se tornar póstumas, a vontade de morrer, de matar, tudo se misturava naquele inferno escaldante. A visão do arrependimento sumia para dar lugar à um ódio doentio de tudo e todos. Com toda a força de seu corpo, rasgou a camiseta branca da garota. Aqueles olhos... eles personificavam o mal, aquele olhar frio e sedutor em meio á morte... Aquela cópula que selaria o destino de ambas aquelas vidas, e todo o mal que causaram ao seu redor.

Ela não passava de um avatar. Um corpo que de tão lindo, poderia vir da Acrópole. Mas ao ver o fundo de sua alma, qualquer pessoa veria o sofrimento do mais profundo dos Tártaros. Seu sorriso parecia inocente á primeira vista, mas escondia tanta maldade, e tanta impiedade, que assassinos sentiriam calafrios ao ouvir sobre suas ambições.

Durante aquela cópula intensa, ele perdia o ar, tossia ao inalar fumaça, mas aquilo não parava, não acabava. Era o inferno mostrando a tênue linha entre prazer e morte. Ele tentava se leventar, tentava se arrepender, mas seu coração já estava tomado pelo momento. Sua alma era lambida pelas labaredas profanas que emanavam dos andares abaixo. Ele estava possuído pelo rancor. Ele não aceitava sua renegação. Agarrou as pernas grossas e rígidas da garota, e passou a coitá-la violentamente. O som de destruição e queimada abafava os gemidos da garota, que se contorcia de prazer e asfixia.

Tanta vontade de fazer o bem á todos, tanta vontade de agradar quem amava... tanta bondade o destruiu. Ao perceber o que o mundo fazia com ele, ao perceber o respeito que ele recebia por tratar as pessoas bem, o ódio o consumiu. Esse era o porquê de sua existência. Assim como num livro que lera quando adolescente, o ódio era tudo para ele. O ódio era seu amor, seu motivo. Ele odiava amar, e amava odiar. Escolheu esse lugar para lembrar que manipulou, destruiu, feriu, matou... e essa personificação dos prazeres carnais que estava com uma parte de seu corpo dentro de si... ela era a sua algoz, e ele a escolheu.

As chamas estavam muito próximas, seus corpos soados começavam a secar num atrito doloroso, que formava um oxímoro com a aproximação do orgasmo do bancário. Ele nunca quis ser bancário, queria ser ator. No entanto, sua mãe nunca aprovou. Pequenas coisas se acumulam e fazem uma montanha colossal.
Seus olhos ficavam escurecidos, enquanto sua visão perdia o foco nos seios da garota. Tudo era um alaranjado escuro, e a sensação de orgasmo veio, retirando-lhe um gemido, que foi calado pela boca da garota.

Sua língua seca com gosto de cinzas roçava contra a dele, a sensação de orgasmo adormecera seu corpo, e os beijos intensos se transformavam em lambidas e mordidas, enquanto ela insistentemente fazia o movimento de coito, lhe causando uma agonia insuportável. Uma agonia prazerosa. Ele tentou se segurar em algo, tal como uma barra de ferro, mas o calor queimou sua mão.

A garota pegou sua mão queimada e a lambeu. Ela sentia prazer com a dor horrorosa que ele sentia, e seu membro já estava rígido novamente. Ele ouviu o sino de uma igreja não muito distante, e a sirene do corpo de bombeiros. Nesse vacilo, identificando os sons, ele sentiu algo o apertando os pulsos: ele estava amarrado! Preso por uma corrente de ferro!

As chamas começaram a fazê-lo agonizar, gritar, sofrer, enquanto a garota de seios lindos montada em seu membro se apoiava gemendo de sofrimento e prazer. Ela não desmontava, nem com as chamas a sufocando, ela não desmontava, nem com o garoto tendo a pele aberta pelas chamas. Ela não desmontava nem com o fogo secando seus olhos e destruindo seu corpo. Ela não desmontou nem depois de morta, permanecendo para sempre com aquele sorriso em seu corpo carbonizado. Aquele sorriso seguido da expressão de horror do garoto.

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