segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Última Poesia



Tudo começou com meu erro.
E sete dias de silêncio que tiraram meu sossego
E meu chão se abriu no meio,
Levando meu aconchego

E minha mente,
Minha única companhia se tornou demente.
Só dor incandescente,
Chorei, fiquei doente.

Eu te amo, eu te amava, eu te amei
E o quanto doeu te ver partir só eu sei
E as palavras que eu precisava, não encontrei
Mas eu sabia que tinha que lutar, e eu lutei

Eu me ergui contra a tempestade que caía
E gritei e debati meus membros até chegar na baía.
Mas lá não havia salvação, e eu não sabia,
Mas eu não ia aceitar, eu ia lutar, eu não desistiria

Então eu fui atrás, e disse mil palavras pra você,
Para você entender,
E quem sabe até ceder
E minha alegria acontecer?


Eu baixei aquelas músicas que me lembram o bom tempo
Quando eu te tinha e a alegria estava em mim, bem lá dentro
E eu não precisava mais desconfiar e nem ter medo,
Deus, eu sinto sua falta e de tudo me arrependo

Eu passei dias cheirando meu edredom
Imaginando o seu cheiro, mas de você não tinha nem som.
Minha visão se embaçava a cada minuto que passava,
Pois era de você que eu lembrava e meu coração apertava.

E quando você estava triste, eu saí de minha casa
Cruzei a cidade, cruzaria mares e estradas
Para te ver feliz, sorrir, se animar
Então comprei as primeiras rosas e consegui te beijar.

E eu me aproximei. Queria os seus lábios para eu saborear
E isso eu consegui, mas o buraco você não quis tapar.
Eu lutei com tudo que eu tinha pra te namorar,
Eu acreditei que se lutasse você não ia me negar.

Para mim, o amor é tudo que eu precisava
Para ser feliz ao seu lado, mas vejo que não bastava.
Eu mudei, meu amor, eu mudei tarde demais,
E as minhas lágrimas agora embaçam tudo que a gente faz.

Eu te dei tudo que eu tinha dentro do meu coração,
Para comprar suas rosas eu gastei cada tostão,
Queria te ter de volta e mesmo em decepção
Eu ainda acreditei que consegui sua atenção.

Eu gritei, gritei como um condenado cada vez que doía,
Mas meu grito só te irritava e te tirava a euforia
E eu gritava por socorro, mas socorro você não podia dar
Porque você queria espaço e eu queria te namorar.

Então juntei cada centavo que eu tinha no meu bolso
E saí de casa quando deveria estar de repouso
E fui procurar o que dar para ti no seu aniversário
E fazia risquinhos coloridos todo dia no meu calendário.

Eu peguei todo o dinheiro das cartas que a gente sempre jogou
E encomendei aquele perfume que você sempre sonhou
Não saí com meus amigos, sem dinheiro nem aviso
Mas tudo valeria a pena quando eu visse seu sorriso

O tempo passou. Meu coração se apertava toda noite
Quando os pesadelos me cercavam e me lascavam o açoite
E por mais que eu te tivesse fisicamente quando eu te via,
Nosso amor estava caindo e eu sabia que não te reconquistaria

Mas eu não podia desistir,
Por mais que as lágrimas no meu rosto
me impedissem de ver e de rir.


Eu fui lá, comprei uma rosa amarela com o resto do dinheiro
Da aquarela de alegria que um dia me fez efeito
Porque queria estar aí e passar a mão no seu cabelo
Mas acho que nem isso eu fiz direito.

E aí, as noites se passaram e levaram aos poucos a confiança
Que eu tinha no começo de usar a aliança.
E o espaço no meu peito só crescia, me desesperei
E no seu aniversário eu errei.

A dor era grande e minha garganta estava machucada
Passei o tempo todo chorando na madrugada
O tempo estava me matando, me assustando mais do que escada
Eu tentei fazer de tudo, mas não adiantou de nada.


Eu peguei todo o meu dinheirinho reserva que carregava nas costas
Saí doente, matei aula, fui lá longe te comprar umas rosas
Essas rosas que pra mim significavam um grande romance
E fui planejando as palavras para ter mais uma chance

Por que meu amor não foi o suficiente?
Eu tentei, eu lutei, eu chorei, eu gritei,
Mas no fim, só atraí falha e risadas,
E aprendi que a vida não é um conto de fadas.

O amor não é o suficiente em nenhum dia,
Então resolvi escrever minha última poesia.
Os sonhos são melhores do que a realidade.
Queria ficar, mas acho que já vou tarde.



Eu me sento na cama, preparado para dormir
Uma última noite eterna e acabo por sorrir.
Pensar que um dia acreditei que ia até o fim,
E foi até o fim, e foi até o fim!

Eu queria te abraçar, eu queria aí estar,
Eu queria te beijar, te amar, te noivar, me casar, ser feliz.
Mas sempre que eu tentava, saía o inverso do que eu queria
E agora eu escrevo minha última poesia.

O escuro vem chegando, me tomando, dominando
Vem cantando, apagando, e eu lentamente vou deixando
Esse mundo onde um dia eu fui feliz.
E no fim é tu que eu quero e é tu que eu sempre quis.

A última lembrança que me vem é seu sorriso
E eu temo. Será que depois vem o paraíso?
Será que por fugir da dor assim, serei omisso
Da Lista Santa daqueles que foram escolhidos?

Mas não importa, não dói mais.
Agora tudo que eu sinto é paz.
Um dia amor fora tudo que eu sentia,

E agora vivemos pra sempre na minha última poesia.

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