quinta-feira, 31 de março de 2011

Dilema Doloroso

[EM PROCESSO DE EDIÇÃO, BREVE VERSÃO MELHORADA]

As chamas subiam violentamente do térreo, e ele encosta-se à parede do corredor quando o chão parece estar entrando em colapso. Engano seu, ainda bem. As chamas estavam se alastrando muito rápido; a casa de madeira havia formado uma equação malévola com o vento forte que vinha do leste. A casa logo mais não seria nada além de uma pilha negra em meio à grama naquela noite.

CRASH!

Ele se vira, parte do telhado do quarto de Helena havia cedido, tampando a passagem. Ela gritava apavorada lá dentro: os gritos de uma criança de quatro anos encurralada num quarto em chamas.

-CALMA, BEBÊ! FIQUE DEITADA ONDE ESTÁ! TENTE NÃO RESPIRAR A FUMAÇA! – Ele grita com sua voz rouca, e sua garganta arde. A fumaça estava fazendo com ele o que ele não queria para a filha.

"Merda, agora as duas estão encurraladas! Fui lerdo demais...” Ele pensa. Assim que sua esposa foi encurralada pelo telhado que cedeu em seu quarto, Harold correu para tentar tirar Helena do quarto o mais rápido possível. Ele não conseguiu...

-Harold! Harold, me ajude por favor!!! Está muito quente aqui, eu mal... COF! COF! EU MAL CONSIGO RESPIRAR, HAROLD! SOCORRO!

Harold para um instante, tentando secar as lágrimas e se concentrar. E agora? (PAPAI, PAPAI!!! SOCORRO, PAPAI! MEUS OLHOS ESTÃO ARDENDO) Não havia tempo para tirar os escombros dos dois quartos e salvar ambas, em menos de dois minutos a casa cederia... e agora? (HARRY, HARRY, POR FAVOR! O FOGO ESTÁ PERTO E AAARGH! SOCORRO, ESTÁ ARDENDO!)

-Não, não... Deus, por favor, não! – Harold começa a raciocinar rápido. Por que isso agora? A fumaça negra provoca um acesso de tosse nele, e ele ouve a televisão explodindo na sala. Um carro grande chega lá fora. Bombeiros?

Ele estoura a janela, e um vento forte entra, alastrando as chamas que subiam pela escada para o lado posto. Ele em desespero tenta quebrar a janela, quebrando os cacos de vidro com as mãos nuas, e estica o braço para fora.

-Socorro, socorro!!! Minha família está presa, por favor, rápido!

-Senhoras e senhores, ele está acenando! Vamos torcer para o Corpo de Bombeiros do Maine chegue rápido...

...o que? A televisão já havia chegado e a polícia não? Mas como assim? – O chão quase cede novamente, o grito das duas se intensifica. – A escolha foi feita.

-Ginger! – Ele corre até os escombros atrás dos quais sua esposa estava próxima. – Ginger, me perdoe... eu não queria que acabasse assim... (PAPAI, PAPAI, ONDE VOCÊ ESTÁ, PAPAI? SOCORRO!!!)

– As lágrimas rolavam cheias de fuligem pelo rosto, seus olhos começando a arder tanto que ele mal podia os manter abertos. – Que Deus recolha sua alma, querida...

-Harry... por quê? – Ela chorava compulsivamente do outro lado. – POR QUÊ, HARRY?

-Eu te amo, Ginger... – Ele diz entre lágrimas torrenciais, e os escombros flamejantes estouram numa crepitação insana.

-NÃO, HAROLD! POR FAVOR, EU SOU NOVA, PODEMOS TER OUTRA FILHA! (PAPAI, TÁ MUITO PERTO, ME TIRA DAQUI, POR FAVOR!) – A voz dela ela louca e desesperada, e parecia exercer influência psicológica tão bem quanto a coloração vermelha que o ambiente (outrora coberto por papel de parede rosa) tinha. Ele tosse, os pulmões secos quase se rasgando ao comprimir.

-Eu não acredito que falou isso! Ela é nosso bebê! – Ele contorce a cara em raiva e mágoa. Ele amava Ginger, mas Helena tinha mais tempo de vida, mais futuro. Ele preferiria morrer à sacrificar sua filha! Ele corre na direção do quarto dela.

-Harold? HARROLD, SOCORRO, O FOGO ESTÁ PERTO? HARROLD VOLTE AQUI! – Ela estava tendo espasmos de desespero – Harry, amor.. por favor... volte! VOLTE, SEU FILHO DE UMA PUTA CRETINO! VOLTE AQUI AGORA!!! VOCÊ VAI QUEIMAR NO INFERNO! VOCÊ VAI QUEIMAR NO QUINTO DOS INFERNOS, AAAAAAARGH! ( o fogo havia começado a incendiar sua camisola, a carne na lateral da coxa se abrira em uma bolha grande instantaneamente) VOCÊ VAI PRO COLO DO DIABO, SEU MALDITO! VOCÊ AAAAAARGH, AAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH! DESGRAÇADO, AAAAAAAAAAAARGH!!!

O som de sua esposa agonizando nas chamas faz Harry quase desmaiar, ele cai sobre os joelhos e o chão racha! Ele rola para frente bem a tempo de evitar cair no andar de baixo... sobre as chamas e os cacos da tela da televisão Panasonic 32” que jaziam caídos, muitos dos quais apontados para cima, como oferecendo uma recepção calorosa... ele vomita, e quase escorrega sobre o vômito ao levantar-se.

Haviam pedaços de madeira maciça em chamas e alguns blocos de tijolo junto com duas ou mais vigas de ferro bloqueando a porta. Quanto tempo ele (AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!) teria? Droga... eu a amo tanto... Seu corpo estava mole de desespero.

-Ficar assim não vai salvar ela. (PAPAI! TÁ ARDENDO!)

-EU ESTOU AQUI FILHA! PAPAI ESTÁ AQUI! – Ele começa a empurrar com as mãos nuas as madeiras, e sua pele começa a inchar em bolhas. Em seguida, começa a abrir, expondo a carne. Ele gritava de dor e de horror mental, enquanto sua carne se comprimia dentro das chamas. Ele consegue afastar a madeira e passa por entre as vigas de ferro. Corre até Helena, que gritava de medo, com um vergão –uma queimadura – no braço esquerdo.

-Cadê a mamãe, papai? Ela está bem? Eu ouvi ela gritando!!!

-Ela está bem, filha... – ele suspira. Com reflexos invejáveis, ele salta para o lado com a filha no colo. O teto desmorona sobre a caminha dela, levando chão e parte da parede para o andar a baixo.

-PUTA QUE PARIU!

-Papai, palavra feia!!!

Ele se acalma enquanto passa por entre os ferros com ela no colo. Ele queima as costas e se contorce. Suas mãos não se mexiam mais, como se uma luva de ferro as esticasse e prendesse. Ele começa a descer as escadas e percebe que elas estão quebradas!

Salta com a filha no colo, se assustando com o grito dela mais do que com a parte do corrimão que cede e cai ao lado deles. Ele cai e ela escapa de suas mãos, rolando ao chão. Uma caneta Bic derretida pelas chamas gruda no pescoço dela.

Ele corre e retira o mais rápido que pode a caneta, deixando parte do pescoço dela em carne viva. (Se não corrermos daqui, ela ficará INTEIRA em carne viva.) Ele vê a porta de saída à menos de quinze metros de distância, e parte para correr. Grita: Um caco de vidro lhe atravessara o pé.

Helena tossia muito com a fumaça, e ele a abaixa para que tente respirar um pouco enquanto dá a volta nos vidros tentando ignorar a dor. Parte correndo e...

CRASH!

O telhado e a parede cedem aonde estava a porta! Por pouco eles não escapam... e por pouco não são esmagados! Ele vira para trás: Sua última esperança era a (COF! COF!) porta dos fundos...
Ele parte, a adrenalina fluindo em seu corpo. O calor latejava seus olhos e Helena havia desmaiado com a falta de ar. Quase lá, quase lá! Ele chega à cozinha, e avista a porta dos fundos. Parte correndo e

BOOM!

O botijão de gás explode, o lançando através da mesa de madeira. Uma lasca comprida enorme atravessa suas costas, por pouco não empalando a cabeça de Helena. Se ela estivesse acordada...
Suas pernas não se mexem mais. Talvez tenha sido a madeira, rasgando algum nervo importante... ou talvez a fadiga tenha o atingido. Tão perto, se Helena estivesse acordada...

-Querida... bebê, acorda... a porta está lá... – Ele chorava compulsivamente. – Corre... corre e vive pelo papai, acorda, filha... – O teto desmorona diante da porta.

Ele encosta a nuca na parede. Eles mereciam isso? Ao menos ela não sentiria nada, estava inconsciente... cinzas fumegantes caíam do teto sobre eles, e ele arruma o cabelo de sua filha.
Tão longe para morrer ali... (VOCÊ VAI PARA O INFERNO!) O teto rachava e ia ceder sobre ambos. Ele não conseguia mover as pernas e isso não importava mais. As lágrimas rolavam de seu rosto quando...




...um toque suave vai em sua mão. Os olhos negros de Helena se dirigiam à ele, enquanto ela estava deitada no chão sob aquela coloração vermelha. Ele começa a chorar e aperta a mão da filha.

-Oh... filha...

O teto desmorona sobre eles. Ao longe é ouvida uma sirene se aproximando...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Quebrado em 2

Eu te amo, e Deus é sádico comigo;
Nada que eu faça mudará o fato, você jura.
Amar-te é meu eterno castigo:
Dor no peito que não mata, tortura.

Se de amor morrêssemos, ele seria inimigo
Pois de joelhos pereceríamos da alma ao osso.
Se amor matasse, não seria um castigo:
Não seria tão cruel, amargo e esperançoso.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fênix

 Sem piedade, sem perdão,
 Eu sobrevoo suas cabeças
 Com meu fogo profanador
 Eu destruo sua inocência.

 Chama negra, que brilha sem calor.
 Mente compulsiva, vibra como louca.
 Enxofre, que envenena sem odor...
 Sangue peçonhento pinga de minha boca.

 E por um momento eu pensei em me queimar...
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar...

 A chama corrompe a todos que toca,
 Almas são coletadas para a coleção sádica,
 E a névoa doentia emana da maldita tocha.
 A névoa de sonhos quebrados e dor estática.

 Eu me corto por prazer.
 O sangue faz cócegas enquanto escorre em diversão.
 O álcool se torna um lazer,
 Lágrimas são inexistentes: a dor caleja o coração.

 E por um momento eu pensei em me queimar,
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar!

 Preso num pesadelo eterno
 O sinal macabro do céu.
 Mau presságio do inferno
 Paga pelos crimes dos quais é réu

 Ajoelho-me e me chibato;
 O ardor causa excitação
 Nas pessoas de quem me afasto.
 Experimentem o calor das chamas que virão!

 Segui pelo caminho sem volta
 De pecados, vícios, maldade.
 Se tento me segurar, você ri e me solta
 Abro os olhos para a realidade.

 Por um momento, pensei em desistir...
 Seria muito mais fácil voltar a sorrir!
 E por um momento eu pensei em me queimar,
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar!

 Maldição...

 A luz entra fraca pela janela.
 Dias cinzas não me alimentam mais.
 Preciso de almas daquela cidadela,
 A cidadela de onde vieram meus pais

 Lá há inocência e felicidade.
 Ambos os quais cedo perdi
 Com violência e brutalidade.
 Pureza vem dos crimes que cometi!

 Os purifico com essas chamas ardentes.
 Ó, vejam meu esplendor maldito!
 Ajoelhem-se perante teu mestre,
 Pois de ti me alimento e vomito!

 Por um momento, as chamas foram claras,
 E por um momento, o mundo viu a luz.
 Por um momento, o pássaro entrou em chamas,
 Chuva de cinzas que jamais se reproduz...

 E do topo do mais alto pico
 As cinzas se unem na precipitação
 E uma mancha escura no céu anuncia:
 Levanto-me agora em destruição!

 As peles se abrindo
 Vítimas do calor intenso!
 Calor que evapora seu sangue denso!

 Por uns minutos, queimei tudo que tinha.
 E por um momento, desisti do branco e luz.
 E as chamas purificaram a bondade mesquinha
 Trazendo de volta o que não se traduz.

 E por um momento eu pensei em me queimar...
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar!

 Eu me queimei!
 A maldição da Fênix!
 Preso na realidade,
 Sem saída!
(Eles podem te ouvir!)
 Todos eles podem, eu ouço em minha cabeça!
(Queime todos, vingue-se!)

 Ó, mundo infeliz, caia sobre desgraça.
(Ajoelhem-se para o fogo eterno...)
 Eu faço chover fogo sobre os infiéis!
 E eles continuam ordenando, e eu continuo queimando!






(Olhe para baixo, onde eles vivem
Como um formigueiro de seres miseráveis.
Enfileirados, reféns sem chance de fuga
Seguindo em direção ao destino inevitável.

Presos em suas rotinas desgostosas,
Em coro cantam suas decepções morféticas.
Não merecem o volume que ocupam no mundo,
Não merecem a parcela do mundo que têm.

Eles riem de você.
Eles riem em deboche ignorante, acham que estão certos.
A ignorância deles os faz pensar que estão acima de você.
Estão presos em sonhos.

De uma vez por todas,
Mostre-os a verdade.

Todo homem é responsável pelo próprio destino.
Toda geração é responsável pela vida da próxima.
Vez após vez, eles saem do ânus do mundo.
O erro está confinado no passado.

Purifique-os com seu fogo negro,
Pois nenhum ser se mantém adormecido quando começa a ser imolado.
Só o fogo pode purificar esses que vivem já podres.
Mostre a verdade. Sem piedade, sem perdão.

Eles jamais te salvariam.
Tenha misericórdia do mundo e limpe-o de seus algozes.
Faça-os sofrer. O fogo queima mas ilumina.
Sofrendo eles entenderão a verdade e te aceitarão.

Você é o Juízo Final.)






 Eu decidi meu caminho!
(É tarde demais para dar as costas!)
 Hesitar me matará,
 Chamas negras voltam sobre o corpo da fênix!

 E num circuito de praga sobre o mundo...
(Dor)
 Doença, tristeza...
(dor)
 ... Desgraça, preguiça...
(dor, DOR!)

 A praga cai como uma chuva de agulhas,
 Fiéis e infiéis no fio da espada.
 A dança desesperada dentro das chamas,
 A guerra, a psicose, a fênix intocada.

Não haverá vida, haverá nada,
O nada presente em tudo.
Sem defesa. Sem espada, sem escudo.

O sinal do renascimento,
O fogo que nos consome.
O executor e o julgamento,
O monstro que acorda com fome.

 Oh, e são dignos de pena!
(Queime-os todos!)
 Ó, arrependam-se de seus erros!
(Desista dos olhos verdes!!!)
 Gritem, desesperem-se!
(Faça-os pagar por machucar os inocentes!)
 Deslumbrem o imortal...
 E de joelhos... DE JOELHOS!
(você é eterno.)

 Eterno?
 eterno...


 ...
queima...
essa é a maldição da fênix...
ser eterno...
...
...
...




 me liberte...

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