sexta-feira, 18 de março de 2011

Fênix

 Sem piedade, sem perdão,
 Eu sobrevoo suas cabeças
 Com meu fogo profanador
 Eu destruo sua inocência.

 Chama negra, que brilha sem calor.
 Mente compulsiva, vibra como louca.
 Enxofre, que envenena sem odor...
 Sangue peçonhento pinga de minha boca.

 E por um momento eu pensei em me queimar...
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar...

 A chama corrompe a todos que toca,
 Almas são coletadas para a coleção sádica,
 E a névoa doentia emana da maldita tocha.
 A névoa de sonhos quebrados e dor estática.

 Eu me corto por prazer.
 O sangue faz cócegas enquanto escorre em diversão.
 O álcool se torna um lazer,
 Lágrimas são inexistentes: a dor caleja o coração.

 E por um momento eu pensei em me queimar,
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar!

 Preso num pesadelo eterno
 O sinal macabro do céu.
 Mau presságio do inferno
 Paga pelos crimes dos quais é réu

 Ajoelho-me e me chibato;
 O ardor causa excitação
 Nas pessoas de quem me afasto.
 Experimentem o calor das chamas que virão!

 Segui pelo caminho sem volta
 De pecados, vícios, maldade.
 Se tento me segurar, você ri e me solta
 Abro os olhos para a realidade.

 Por um momento, pensei em desistir...
 Seria muito mais fácil voltar a sorrir!
 E por um momento eu pensei em me queimar,
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar!

 Maldição...

 A luz entra fraca pela janela.
 Dias cinzas não me alimentam mais.
 Preciso de almas daquela cidadela,
 A cidadela de onde vieram meus pais

 Lá há inocência e felicidade.
 Ambos os quais cedo perdi
 Com violência e brutalidade.
 Pureza vem dos crimes que cometi!

 Os purifico com essas chamas ardentes.
 Ó, vejam meu esplendor maldito!
 Ajoelhem-se perante teu mestre,
 Pois de ti me alimento e vomito!

 Por um momento, as chamas foram claras,
 E por um momento, o mundo viu a luz.
 Por um momento, o pássaro entrou em chamas,
 Chuva de cinzas que jamais se reproduz...

 E do topo do mais alto pico
 As cinzas se unem na precipitação
 E uma mancha escura no céu anuncia:
 Levanto-me agora em destruição!

 As peles se abrindo
 Vítimas do calor intenso!
 Calor que evapora seu sangue denso!

 Por uns minutos, queimei tudo que tinha.
 E por um momento, desisti do branco e luz.
 E as chamas purificaram a bondade mesquinha
 Trazendo de volta o que não se traduz.

 E por um momento eu pensei em me queimar...
 Mas se isso acontecer, eu sei que vou voltar!

 Eu me queimei!
 A maldição da Fênix!
 Preso na realidade,
 Sem saída!
(Eles podem te ouvir!)
 Todos eles podem, eu ouço em minha cabeça!
(Queime todos, vingue-se!)

 Ó, mundo infeliz, caia sobre desgraça.
(Ajoelhem-se para o fogo eterno...)
 Eu faço chover fogo sobre os infiéis!
 E eles continuam ordenando, e eu continuo queimando!






(Olhe para baixo, onde eles vivem
Como um formigueiro de seres miseráveis.
Enfileirados, reféns sem chance de fuga
Seguindo em direção ao destino inevitável.

Presos em suas rotinas desgostosas,
Em coro cantam suas decepções morféticas.
Não merecem o volume que ocupam no mundo,
Não merecem a parcela do mundo que têm.

Eles riem de você.
Eles riem em deboche ignorante, acham que estão certos.
A ignorância deles os faz pensar que estão acima de você.
Estão presos em sonhos.

De uma vez por todas,
Mostre-os a verdade.

Todo homem é responsável pelo próprio destino.
Toda geração é responsável pela vida da próxima.
Vez após vez, eles saem do ânus do mundo.
O erro está confinado no passado.

Purifique-os com seu fogo negro,
Pois nenhum ser se mantém adormecido quando começa a ser imolado.
Só o fogo pode purificar esses que vivem já podres.
Mostre a verdade. Sem piedade, sem perdão.

Eles jamais te salvariam.
Tenha misericórdia do mundo e limpe-o de seus algozes.
Faça-os sofrer. O fogo queima mas ilumina.
Sofrendo eles entenderão a verdade e te aceitarão.

Você é o Juízo Final.)






 Eu decidi meu caminho!
(É tarde demais para dar as costas!)
 Hesitar me matará,
 Chamas negras voltam sobre o corpo da fênix!

 E num circuito de praga sobre o mundo...
(Dor)
 Doença, tristeza...
(dor)
 ... Desgraça, preguiça...
(dor, DOR!)

 A praga cai como uma chuva de agulhas,
 Fiéis e infiéis no fio da espada.
 A dança desesperada dentro das chamas,
 A guerra, a psicose, a fênix intocada.

Não haverá vida, haverá nada,
O nada presente em tudo.
Sem defesa. Sem espada, sem escudo.

O sinal do renascimento,
O fogo que nos consome.
O executor e o julgamento,
O monstro que acorda com fome.

 Oh, e são dignos de pena!
(Queime-os todos!)
 Ó, arrependam-se de seus erros!
(Desista dos olhos verdes!!!)
 Gritem, desesperem-se!
(Faça-os pagar por machucar os inocentes!)
 Deslumbrem o imortal...
 E de joelhos... DE JOELHOS!
(você é eterno.)

 Eterno?
 eterno...


 ...
queima...
essa é a maldição da fênix...
ser eterno...
...
...
...




 me liberte...

5 comentários:

O Mestre Walla disse...

Perturbador...

Guilherme Piero disse...

Muito bom, achei interessante.

Karen M disse...

Daria para fazer uma musica com isso e muito boa.

ná. disse...

Como descrever em palavras um texto como este, se não há palavras que estejam à altura de um texto ótimo como este?! Parabéns meu Preto ♥ cada dia que passa eu sinto mais orgulho de você *-*

Juh . Peres disse...

Ainda bem que eu li isso com um humor bom, não deprimida....hauahua

Tá muito bom Isaque! Vou estar na fila quando voce lançar o livro *-*

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